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  • Mal-me-quer, Bem-me-quer? Devemos comer soja e outros fitoestrogénios? Qual o seu papel na endometriose, menopausa e cancro da mama?

    Devemos ou não comer fitoestrogénios como a soja? Se tens uma doença que depende do estrogénio, deves eliminá-lo da tua dieta, certo? ERRADO!  O nosso corpo é muito mais complexo do que isso… Ou devo dizer, mais sábio? Existem essencialmente três tipos de estrogénio: o estrogénio  produzido pelo teu corpo o xenoestrogénio  (xeno = novo) que está presente em substâncias produzidas pelo homem e que entram no teu corpo através da dieta, medicamentos, produtos de higiene e milhentas outras coisas com as quais estás em contacto. Essas substâncias transformam-se e atuam dentro de ti como estrogénio e disruptores endócrinos E os fitoestrogénios , que provêm de substâncias contidas nas plantas e que quando sintetizadas pelo nosso corpo se assemelham ao estrogénio e potenciam ou diminuem o seu efeito (antagonistas). Os fitoestrogénios estão numa variedade de frutas, vegetais, rebentos, leguminosas, sementes, chá… As suas propriedades anti-inflamatórias, anti-oxidantes, anti-angiogénicas (combater o crescimento de tumores e dos vasos sanguíneos que os nutrem) e pró-apoptóticas (contribuir para que as células morram quando devem morrer) são sobejamente conhecidas e estudadas.  Ou seja, que são benéficos para a nossa saúde, quando orgânicos e não transgénicos , está mais que provado. Por outro lado, seria preciso não comer frutas, legumes e cereais para evitá-los por completo [1] ! Mas ainda assim, a questão sobre o perigo ou o benefício dos fitoestrogénios devido ao seu papel semelhante ao dos estrogénios coloca-se. A coitada da soja afinal até é boa! Os fitoestrogénios e o cancro Soja reduz o risco de cancro É muito comum em Portugal ouvirmos relatos de mulheres com cancro de mama a quem os médicos desaconselharam o consumo de soja e seus derivados. Isto dá muito que pensar para quem tem doenças como a endometriose, relacionadas com a dominância do estrogénio. Daí que a confusão é mais que muita para toda a gente e quem leva as culpas é a soja!  Eis o resultado da minha investigação: Uma meta análise de 52 estudos feitos até outubro de 2023 sobre o consumo de soja revelou que  O consumo elevado de produtos de soja, tofu e leite de soja estão associados com menor risco de cancro, independentemente de serem ou não fermentados.  O aumento do consumo de produtos de soja em 54g por dia reduz o risco de cancro em 11% O aumento do consumo de tofu em 61g por dia reduz o risco de cancro em 12% O aumento do consumo de leite de soja em 23g por dia reduz o risco de cancro em 28% [2]. Um outro estudo com 300.000 mulheres na China observou o seu consumo de soja e o registo de ocorrências de cancro da mama e demonstrou que o consumo moderado de soja não aumenta o risco de cancro de mama. A metanálise de estudos prospetivos aponta para que por cada incremento de 10mg/dia de isoflavonas de soja, está associada uma diminuição no risco de cancro de mama de 3% [3] .  Pelo menos desde 2016 que os investigadores vêm a informar que o maior consumo de soja nas mulheres asiáticas está associado a aproximadamente menos 30% de risco de desenvolver cancro de mama, particularmente se esse consumo for na infância/adolescência. Reiteram literalmente que as preocupações com o consumo normal de soja e o risco de cancro de mama são infundadas [4] . O consumo de soja terá efeitos diferentes consoante o nível hormonal base de cada pessoa, ie, adolescentes, grávidas, pós-menopáusicas… [5] , como veremos também no ponto referente à endometriose. A soja e os seus derivados não aumentam nem o risco de incidência nem de reincidência de cancro da mama, antes pelo contrário, diminuem a probabilidade de risco de cancro de mama [6] . Fitoestrogénios e menopausa Soja e derivados ajudam a aliviar os sintomas da menopausa Hoje em dia é muito comum a terapia alternativa recomendar a suplementação com fitoestrogénios, nomeadamente as isoflavonas da soja, no combate à osteoporose e aos sintomas adversos da menopausa.  Há estudos que revelam que a suplementação com isoflavonas de soja tem efeitos benéficos, nulos ou até adversos, conduzindo ao sangramento do útero. A diferença reside na grande questão que parece ser a dosagem e a duração dessa suplementação [5] . Em 2015, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar  emitiu o seu parecer sobre os potenciais riscos da suplementação com isoflavonas (a soja é rica neste fitoestrogénio) para a saúde das mulheres pré e pós-menopausa. A sua conclusão, com base nos estudos revistos realizados com mulheres, revelou que não há evidências de quaisquer problemas nas hormonas da tiróide, no espessamento do útero nem no risco de cancro da mama para as dosagens típicas dos suplementos para a menopausa que variam entre 35-150mg/dia .  Tendo em linha de conta que o consumo médio europeu era menos de 1mg/dia de isoflavonas vs o consumo asiático que vimos no ponto anterior [7] . Ou seja, não há qualquer problema, muito pelo contrário é de se recomendar a todas as mulheres, comer um hamburguerzinho de tofu! Dieta vs suplementos Mas uma coisa é incluir soja na dieta e outra bem diferente é passar o dia a comer soja e seus derivados e ainda fazer suplementos de isoflavonas ou outros…! Por exemplo, um hambúrguer de 200g de tofu já tem 54.3mg de fitoestrogénios (tabela 1), ou seja, um terço do valor máximo típico dos suplementos e o suficiente para fazer toda a diferença e reduzir o risco de cancro.  No caso da soja em particular, o que preocupa mais que tudo é que muita dela passou a ser transgénica e carregada de pesticidas. Estes sim são os dois fatores que nos deveriam preocupar a todos! Alimento Fitoestrogénios por 100g de alimento Sementes de linhaça 379.38mg Soja em grãos 103.92mg Tofu 27.151mg Iogurte de soja 10.275mg Sementes de gergelim 8.008mg Pão de linhaça 7.54mg Pão de cereais 4.799mg Bebida vegetal de soja 2.958mg Humus 0.993mg Alho 0.604mg Tabela 1: Quantidade de fitoestrogénios por cada 100g de alimento [1] Fitoestrogénios e endometriose Em 2021 foi feita uma revisão sistémica de 60 estudos científicos sobre o papel dos fitoestrogénios na endometriose. Os estudos incluem testes in vitro, in vivo  com animais e com humanos.  A esmagadora maioria dos estudos com suplementos de fitoestrogénios revela que o consumo de fitoestrogénios tem resultados benéficos no combate à endometriose!  Pese embora, para já, apenas o resveratrol com sucesso para endometriose em humanos, na suplementação de   400mg duas vezes ao dia durante 12-14 semanas   [8][9] . Para além disso, o resveratrol que tem efeitos benéficos no combate ao cancro, incluindo o do fígado, o colo-retal, da mama, entre outros. Os seus efeitos são benéficos quer na iniciação, promoção e progressão dos tumores [10] . Recordo que a endometriose partilha várias características com o cancro, embora não seja cancro. O resveratrol ajuda ainda a reduzir o colesterol total [11] . Já vimos que a cirrose hepática pode conduzir a endometriose nos homens por transformação de androgénios em estrogénios.  Portanto, a resposta é comam alimentos com fitoestrogénios!  De uma forma simples, o que parece acontecer é que num ambiente com baixo estrogénio, como nas mulheres na menopausa, os fitoestrogénios aderem aos receptores de estrogénio mais facilmente e imitam o estrogénio. Em ambientes com excesso de estrogénio, particularmente o E2, estradiol, que é o que queremos diminuir principalmente, quando os fitoestrogénios ganham a luta pelo receptor de estrogénio, eles atuam de forma semelhante ao estradiol, mas com uma grande diferença. Os fitoestrogénios têm muito mais baixa ativação de um fator de transcrição de um gene, ou seja, de ativação de genes que não queremos e de alteração da noss a epigenética. Atenção!  Mais do que 1g de suplementação de resveratrol tem efeitos indesejados como náuseas, diarreia ou dor abdominal [10] . No entanto, há que deixar as seguintes salvaguardas : Apenas a suplementação com resveratrol foi testado em humanos  para já Em doses elevadas, como em suplementos alimentares, as isoflavonas da soja podem engrossar o endométrio. A soja e seus derivados são os alimentos que mais isoflavonas contêm. O nosso sistema digestivo é diferente dos ratinhos de laboratório! A nossa capacidade para assimilar os fitoestrogénios pode ser impactada pelo género, o tempo de trânsito intestinal e a nossa microbiota (quantidade e tipologia de bactérias nos nossos intestinos) [8][9] . Sugestões para a tua dieta Sugestão 1: Inclui na tua dieta o top dos diferentes fitoestrogénios Há diversos tipos de fitoestrogénios: estilbenos, como o resveratrol; flavonoides (puerarina, genisteína, coumestrol, epicatequina, naringenina…) ou as lignanas, como a enterolactona. Como a concentração de cada substância faz toda a diferença, aqui fica uma tabela que compilei do top de alimentos por substância: Substância Principais Alimentos Valor nutricional da substância Resveratrol Raíz de azedas ou azedinhas (hortaliça) [12] 32-1535 µg/g Chá Itadori ( Polygonum cuspidatum , polygonum japonicum ou Japanese Knotweed ) [13] 297-377 µg/g Vinho tinto espanhol 1.92-12.59 mg/l Sumo de uva preta espanhol 1.14-8.69 mg/l Puerarina Raiz de kuzu ou kudzu ( Pueraria lobata ) [Nota A]   Genisteína Presente na soja e seus derivados Coumestrol Soja, espinafres, couves de bruxelas… Epicatequinas [14] Grão de cacao 99.2 mg/100g Chocolate negro 41.5 mg/100g Favas 29.1 mg/100g Chá verde 8.3 mg/100g Nariguenina Frutas cítricas e alecrim Lignanas Sementes de linhaça (e outras sementes ricas em fibra) [15] 301 mg/100 g Tabela 2 - top alimentos por grupo de fitoestrogénios [Nota A] A pueraria lobata é uma planta trepadeira da família das leguminosas que é muito usada na medicina tradicional chinesa. É frequentemente utilizada no tratamento de inúmeras doenças, incluindo a endometriose , pelas suas propriedades farmacológicas como vasodilatação, cardioproteção, neuroproteção, antioxidante, anticancerígeno, anti-inflamatório, alívio da dor, promoção da formação óssea, inibição da ingestão de álcool e atenuação da resistência à insulina [16] . Sugestão 2. Considera suplementos alimentares de resveratrol A curcuma aumenta a biodisponibilidade do resveratrol Como previamente descrito, até à dose de 400mg duas vezes ao dia durante 12-14 semanas , já foi testado com sucesso para endometriose em humanos. Os resultados incluem diminuição das dores menstruais e pélvicas, diminuição da aromatase (transformação de células andrógenas em estrogénios e a sua biosíntese no corpo), diminuição da expressão de genes que não queremos… [5] . Suplementos ou... Um copinho de vinho tinto por dia, tão bem que te fazia! Quanto mais escuro o vinho e as uvas, mais ricos em resveratrol Os estudos indicam que o consumo de álcool faz mal à nossa saúde, mas falham por não diferenciar o consumo de bebidas brancas ou álcool em exagero, duma pequena quantidade de vinho à refeição. Eu quase que diria que vinho não é álcool, é remédio dos Deuses! Lembro que Baco era o Deus do vinho, da fertilidade e da folia e bem que uma doente com endometriose precisa disso tudo! A sabedoria popular fala-nos dos benefícios do vinho, frequentemente consumido com moderação e apontado como néctar de juventude pelos mais idosos de nós [17] . A ciência intitulou-o de “O Paradoxo Francês”: como uma cultura que consome tantas gorduras saturadas nos seus belos queijinhos e croissants têm os níveis de colestrol nos eixos. A justificação apontada foi o consumo de vinho, particularmente tinto bem escuro, que diminui o colesterol [18] . O vinho tinto (quanto mais escuro, melhor) é rico em resveratrol. Portanto, com moderação e a menos que te sintas mal, porque não tomar um Pinot Noir orgânico? Poderás perguntar-te porquê, em vez de suplementos ou vinho tinto, não tornar a tua dieta mais rica em resveratrol simplesmente? Obviamente que essa é também uma sugestão. Porém, a quantidade de alimentos que terias de comer para obter 1g de resveratrol, que seria uma dosagem terapêutica, é absurda. No final do dia, o metabolismo humano é holístico. Estudo científico nenhum consegue isolar realmente uma variável. Se comeres mais alimentos ricos em resveratrol, eles também são ricos em muitas outras substâncias e o efeito conjunto é impossível de medir, mas sabemos que é muito positivo! Figura 1 - Quantidade de alimentos que teríamos de ingerir por dia até perfazer 1g de resveratrol, uma dose já considerada terapêutica [18] Sugestão 3: Consome resveratrol com curcuma para aumento da biodisponibilidade [13] Não somos o que comemos, mas sim o que o nosso organismo é capaz de assimilar! O corpo humano assimila melhor o resveratrol com curcuma. Ou seja, nada como um copinho de vinho tinto bem escuro a acompanhar um caril! ! Atenção !  A minha regra de ouro é uma dieta biológica, moderada e variada . Biológica não é só sem pesticidas, mas também alimentos não embalados ou preservados em plástico, por exemplo. Moderação significa não exagerar nas doses de nada e ter cuidado com os perigos de consumir suplementos alimentares em doses não estudadas e nem discutidas com o teu médico. Variedade é para incluir o máximo de alimentos benéficos na tua dieta. A endo não é linear. Deves sempre consultar o teu médico  sobre o que é melhor para ti. Deves também ter em atenção outros sintomas  que tens com determinados alimentos, especialmente se sofres de Síndrome do Intestino Irritável ou outra sintomatologia gastrointestinal em consequência da endo. Finalmente, há que ter muita atenção para os efeitos potencialmente adversos do consumo de fitoestrogénios para quem vive em zonas com pouco iodo ou sofre de hipotiroidismo [5] . Referências: [1] Leal, K., & Leal, K. (2024, 26 de Janeiro). 37 alimentos ricos em fitoestrogênios (e seus benefícios) . Tua Saúde. https://www.tuasaude.com/alimentos-ricos-em-estrogenios/   [2] Wang, C., Ding, K., Xie, X., Zhou, J., Liu, P., Wang, S., Fang, T., Xu, G., Tang, C., & Hong, H. (2024). Soy product Consumption and the Risk of Cancer: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Studies. Nutrients , 16 (7), 986. https://doi.org/10.3390/nu16070986 [3] Wei, Y., Lv, J., Guo, Y., Bian, Z., Gao, M., Du, H., Yang, L., Chen, Y., Zhang, X., Wang, T., Chen, J., Chen, Z., Yu, C., Huo, D., & Li, L. (2019). Soy intake and breast cancer risk: a prospective study of 300,000 Chinese women and a dose–response meta-analysis. European Journal of Epidemiology , 35 (6), 567–578. https://doi.org/10.1007/s10654-019-00585-4 [4] Messina, M. (2016). Impact of soy foods on the development of breast cancer and the prognosis of breast cancer patients. Complementary Medicine Research , 23 (2), 75–80. https://doi.org/10.1159/000444735 [5] Domínguez-López, I., Yago-Aragón, M., Salas-Huetos, A., Tresserra-Rimbau, A., & Hurtado-Barroso, S. (2020). Effects of Dietary Phytoestrogens on Hormones throughout a Human Lifespan: A Review. Nutrients , 12 (8), 2456. https://doi.org/10.3390/nu12082456   [6] DePolo, J. (2024, 18 de Julho). Soy and Breast Cancer . https://www.breastcancer.org/managing-life/diet-nutrition/breast-cancer-risk-reduction/foods/soy   [7] European Food Safety Authority. (2015, October 21). Safety of isoflavones from food supplements in menopausal women . https://www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/4246   [8] Cai, X., Liu, M., Zhang, B., Zhao, S., & Jiang, S. (2021). Phytoestrogens for the management of endometriosis: findings and issues. Pharmaceuticals , 14 (6), 569. https://doi.org/10.3390/ph14060569   [9] Aydin, N. E. (2021, 25 de Novembro). Phytoestrogens could have promising effects in endometriosis management. EndoNews.com : News & Research Portal for Endometriosis Foundation of America . https://www.endonews.com/phytoestrogens-could-have-promising-effects-in-endometriosis-management   [10] Ko, J., Sethi, G., Um, J., Shanmugam, M. K., Arfuso, F., Kumar, A. P., Bishayee, A., & Ahn, K. S. (2017). The role of resveratrol in cancer therapy. International Journal of Molecular Sciences , 18 (12), 2589. https://doi.org/10.3390/ijms18122589   [11] Cao, X., Liao, W., Xia, H., Wang, S., & Sun, G. (2022). The effect of resveratrol on blood lipid profile: A Dose-Response Meta-Analysis of Randomized Controlled trials. Nutrients , 14 (18), 3755. https://doi.org/10.3390/nu14183755   [12] Grupo testa medicamento inspirado no vinho tinto . (2008, July 30). Folha De S.Paulo. Acedido a 4 de Janeiro, 2025 em http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2008/07/427618-grupo-testa-medicamento-inspirado-no-vinho-tinto.shtml   [13] Gupta, C. G. C., Sharma, G. S. G., & Chan, D. (2014). Resveratrol: a chemo-preventative agent with diverse applications. In CABI eBooks  (pp. 47–60). https://doi.org/10.1079/9781780643632.0047   [14] Nutrition & Health info Sheets for health professionals - Catechins and Epicatechins . (2020, December 5). UC Davis Nutrition Department. https://nutrition.ucdavis.edu/outreach/nutr-health-info-sheets/pro-catechins   [15] Soleymani, S., Habtemariam, S., Rahimi, R., & Nabavi, S. M. (2020). The what and who of dietary lignans in human health: Special focus on prooxidant and antioxidant effects. Trends in Food Science & Technology , 106 , 382–390. https://doi.org/10.1016/j.tifs.2020.10.015 [16] Zhou, Y., Zhang, H., & Peng, C. (2013). Puerarin: A Review of Pharmacological Effects. Phytotherapy Research , 28 (7), 961–975. https://doi.org/10.1002/ptr.5083 [17] Viver até aos 100 anos, os Segredos das Zonas Azuis, pelo Autor Dan Buettner, Documentário na Netflix  [18] Weiskirchen, S., & Weiskirchen, R. (2016). Resveratrol: How much wine do you have to drink to stay healthy? Advances in Nutrition , 7 (4), 706–718. https://doi.org/10.3945/an.115.011627

  • Sucesso vs Processo

    Se te apegas demasiado ao destino, não só corres o risco de não lá chegar, como de perderes a beleza da viagem e todas as possibilidades de novos e melhores destinos que ela te oferece. A armadilha da perspetiva do Sucesso “A vitória do sucesso já está meia ganha quando se adquire o hábito de estabelecer e atingir metas.” Og Mandino Há mais de 60.000 livros com a palavra sucesso no título na Amazon.com . Vivemos numa sociedade em que sucesso e objetivos cercam-nos diariamente, desde o momento em que ingressamos na escola, ao longo da nossa vida profissional. Independentemente do que definimos como sucesso pessoal, o roteiro social limitou de alguma forma o conceito de sucesso à obtenção do resultado positivo desejado, à realização de um objetivo ou propósito. O problema com uma perspectiva baseada no sucesso é que ou conseguimos, ou não! Se alcançamos o objetivo, somos bem sucedidos. Está tudo bem. Porém, nem sempre conseguimos o que queremos ou o que almejamos. O que acontece se não conseguimos atingir o objetivo? Quando somos estudantes, a meta é passar de ano. Estamos diligentemente o ano todo e com boas notas. Chegam os exames finais nacionais, estamos stressados, reprovamos um dos exames. Temos que ficar um ano para trás e repetir. Quando trabalhamos, o objetivo é atingir os indicadores de performance. Se o indicador for fechar cinco novos contratos por trimestre e conseguimos apenas 4, perdemos todo o bónus trimestral. Se desejamos perder 10Kg em um ano, inscrevemo-nos no ginásio e começamos uma dieta. Mudamos o estilo de vida, os hábitos de compras e alimentares. Aprendemos a cozinhar refeições saudáveis. No entanto, no final do ano, ou perdemos os 10kg ou não. O problema de uma perspectiva de sucesso é que adotamos a mentalidade de medir as nossas vidas e o nosso valor com base no nosso histórico de sucessos. Além disso, aderimos a uma lógica de “ou sim-ou não”: ou passamos nos exames nacionais e graduamo-nos ou não; ou recebemos o bónus trimestral ou não, ou perdemos os 10Kg ou não. Não existe meio termo quando medimos o sucesso. Além disso, a noção de sucesso está significativamente ligada à de progresso , que é, segundo o dicionário Cambridge, “passar para um estado melhorado ou mais desenvolvido, ou para uma posição mais avançada ” . Na nossa mente, temos a ideia de que o processo "normal" é progredir em direção aos nossos objetivos de forma consistente: continuamos a aprender cada vez mais, trazemos cada vez mais contratos, a perder peso, de forma consistente ao longo do tempo. Temos a tendência de acreditar que com autodisciplina e força de vontade suficientes, garantiremos os resultados desejados com um crescimento constante, de forma consistente e linear. Se traduzíssemos os nossos pensamentos e expectativas, este seria o gráfico da nossa mente: Se somos perfeccionista, a tendência é acreditarmos que se nos esforçarmos muito desde o início, vamos conseguir. É provável que estabeleçamos para nós mesmos metas que estão acima do nosso nível de competência atual, ou mesmo irrealistas. Queremos graduar-nos no quadro de honra da escola, fechar seis contratos por trimestre ou perder 10kg em um mês. A vida não funciona assim. Podemos ser um aluno de A e tirar B num teste. Podemos trazer quatro contratos no primeiro mês e nenhum nos últimos dois meses do trimestre. Podemos perder 2Kg no primeiro mês, manter o mesmo peso por dois meses, ganhar um quilo a mais no quarto mês de dieta e perder continuamente 1kg por mês daí em diante. “Além disso, os objetivos criam um conflito do tipo “ou-ou”: ou você atinge o seu objetivo e é bem-sucedido ou falha e é uma decepção. Você coloca-se mentalmente numa caixa, numa visão curta de felicidade. Isto é um equívoco. É improvável que o seu caminho real na vida corresponda exatamente à jornada que você tinha em mente quando partiu. Não faz sentido restringir a sua satisfação a um cenário quando existem muitos caminhos." James Clear, Hábitos Atómicos A realidade é muito mais complexa. O progresso não é algo linear. É uma estrada acidentada com altos e baixos, planaltos e picos. Por exemplo, se desejamos correr a maratona, podemos passar semanas seguidas a correr mais 100 metros por dia na passadeira do ginásio consistentemente. Na semana seguinte podemos estar a ter imensa dificuldade em terminar de percorrer a maior distância que fizemos, quanto mais aumentá-la. Então o nosso gráfico real é frequentemente muito diferente da nossa expetativa: Ideias-Chave da perspetiva de Sucesso Q uando olhamos para os nossos objetivos a partir de uma perspectiva de sucesso ou fracasso: Subestimamos o progresso que fizemos . Esquecemo-nos de todas as pequenas mudanças que fizemos e das vitórias conquistadas no processo. Tornamo-nos (auto)críticos . Deixamos de valorizar a nós e aos outros. Tornamos-nos cegos aos esforços feitos em direção ao objetivo. Pior, podemos registrar uma memória de falha e invalidação de nós mesmos e/ou dos outros. A motivação torna-se inconsistente . Quando um único momento, num futuro distante, determina o sucesso (felicidade, portanto), é difícil permanecermo-nos no caminho certo. Particularmente numa cultura em que estamos habituados a gratificação instantânea. Aumenta a probabilidade de desistir . Quando se atravessa um plateau ou uma queda no processo, tendemos a duvidar da nossa capacidade e dos outros ou a acreditar que tudo está perdido e, portanto, desistimos. É uma perspetiva que pode estar fora da nossa esfera de controle . Fechar aquele contrato tão importante depende de muitos fatores. Às vezes, nem todos estão na nossa esfera de controle ou influência. No entanto, aperfeiçoar as nossas competências de negociação é algo em que sempre podemos trabalhar. É uma perspetiva fechada . Tornamo-nos menos predispostos a questionar e investigar sobre as aprendizagens e os possíveis significados do processo. Não há espaço para explorar, por exemplo, diferentes perspectivas, à medida que estagnamos na lógica de ter conseguido algo ou não. A mentalidade do Processo "O sucesso é uma forma de pensar, não é uma conquista específica. Quando você está focado em um objetivo específico, conhecido como sucesso, há um momento de júbilo quando você o alcança. Depois, uma nova meta é estabelecida e você volta a lutar. Assim, o sucesso não consiste em nadar contra a maré, o que só leva ao stress, à frustração e à baixa autoestima. Ter sucesso abundante é fluir com a vida, ir com as marés e aproveitar o passeio. O verdadeiro sucesso é sentir satisfação e realização." Diana Cooper, O Poder das Leis Espirituais Ninguém aprende a andar sem cair. No entanto, eventualmente, mais cedo ou mais tarde, aprendemos a correr. Olhar para uma situação a partir da perspectiva de que tudo é um processo, onde às vezes enfrentamos dificuldades, ajuda a reconhecer o progresso e a ter compaixão por nós e pelos outros. Ao tomar consciência do processo, percebemos que há dias em que o nosso cérebro aprende melhor do que em outros. Entender melhor por natureza algumas disciplinas do que outras. Percebemos que os quatro contratos que assinámos ajudaram-nos a construir um portfólio sustentável e a melhorar as nossas competências de negociação. Percebemos que cada kilo que perdemos foi efetivamente perdido. O peso que ganhámos eventualmente é novo no nosso corpo. Não é de todo o mesmo kilo, aquele pastel de nata do ano passado. Talvez tenhamos ganho massa muscular, que é mais pesada ​​e vai ajudar-nos a queimar a gordura extra que queremos. Perguntamo-nos se talvez agora o nosso corpo precise de uma dieta diferente, um choque adicional para queimar mais calorias. Além disso, aprendemos a respeitar os processos dos outros e os nossos processos, pelo que aprendemos, pelas mudanças que já conseguimos fazer , como ir ao ginásio, por exemplo. Com esta perspectiva, passamos a entender que é natural vivenciar altos e baixos . Ao enfrentar uma situação mais desafiante, passamos a considerá-la parte do processo, em vez de uma previsão ou sentença de fracasso. Um processo é uma “sequência de mudanças de propriedades ou atributos que ocorre naturalmente ou projetada” que “resulta em uma transformação ”, “uma mudança de um estado para outro”. Um ano reprovado pode ser uma excelente oportunidade para avaliar se é realmente isto que desejamos estudar. Não receber o bónus pode ser apenas o gatilho para negociar diferentes indicadores de performance onde recebemos uma percentagem por cada conquista. Ganhar peso em vez de perdê-lo pode ser um alerta do nosso corpo a pedir que façamos um tipo de exercício diferente agora ou apenas reduzir a ingestão de sal que nos está a fazer retenção de líquidos. Como o gráfico abaixo ilustra, "regredir" pode ser exatamente o que precisamos para reavaliar os objetivos e perceber que o sucesso pode não ser repetir o plano de treino, mas sim alterá-lo. O sucesso, pode não ser uma estrela afinal, como vimos até aqui. Pode ser um círculo. A vida não é um sucesso; é um processo. Em 1969, Elisabeth Kübler-Ross, uma psiquiatra suíça, descreveu o ciclo do luto com base no seu trabalho com pacientes terminais. Os estágios comuns são: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. É tudo, exceto um progresso linear, como podemos constatar no gráfico abaixo. Não devemos alimentar expetativas de que a cada dia que passa vamos sentir-nos um pouco melhor. Não funciona assim. Está mais próximo do dito "Há dias melhores e dias piores". Na verdade, não existe sequer uma ordem específica para estas etapas e nem todos passamos por todas elas. Algumas pessoas podem até mesmo não vivenciar nenhuma das fases. Estas cinco fases do luto e a sua sequência são apenas as mais frequentemente observadas por quem está de luto. A vida é movimento. Movimento é mudança; e a mudança não é linear. Leva tempo para assimilá-la, para integrá-la em todas as nossas células, em um nível tão profundo que muda a nossa forma de pensar o tema. Às vezes, passar por um vale faz parte da estrada tanto quanto atravessar as montanhas. Às vezes, nem é possível chegar às altas montanhas antes de passar pelos baixos vales. Os pontos baixos podem fazer parte do processo e, embora possa parecer que não estamos a progredir, podemos até estar a fazer exatamente a grande mudança que nos permitirá ser verdadeiramente bem-sucedidos no final. Ideias-Chave da perspetiva de Processo Olhar a nossa realidade com a perspetiva do processo: Faz-nos valorizar o processo e a pessoa: nós e os outros . Esquecemo-nos daquela queda específica ou do fato de que o resultado não foi o esperado. Valorizamos a jornada e a aprendizagem. Conduz à consciência, ao reconhecimento e à compaixão. Aprendemos a apreciar e celebrar os esforços e a considerar os pontos "negativos" como oportunidades para aprender e mudar. Percebemos que o resultado não define ninguém nem o seu valor. Torna a motivação consistente . Percebemos a importância de cada passo que se dá no momento presente, sabendo que isso nos levará ao resultado desejado ou a uma valiosa aprendizagem. De qualquer forma, ganhamos sempre com cada esforço que é feito no agora. Leva ao questionamento e perseverança. Entendendo que os plateaus e pontos baixos trazem oportunidades para mudar e crescer, começamos a questionar não o processo em si mas o que é preciso compreender nesta etapa. Não precisamos de controlar, apenas de estar presentes. Quando compreendemos que não existe progresso linear e que às vezes o melhor resultado é algo em que nunca sequer imaginámos, esvai-se a necessidade de controlá-lo. Confiamos que, aconteça o que acontecer, será para o nosso bem maior e aprendizagem. Só é necessário fluir. Percebemos que na verdade qualquer processo é interno. Só precisamos permitir-nos ser a melhor e verdadeira versão de nós mesmos. É aberto. Tornamo-nos livres da lógica de falhar ou ter sucesso ao perceber que o melhor resultado pode não ser tão linear. Sucesso vs Processo Todo o sucesso tem um processo por trás. Emerge dele. É consequência direta dele. Trocar de foco no sucesso pelo foco no processo é uma mudança de paradigma que nos conduz ao otimismo, à auto-confiança, auto-valorização... Sermos assim connosco também nos torna muito mais empáticos para com os desafios, "falhas", processos dos outros. A nossa relação connosco e com os que nos rodeiam melhora significativamente quando não definimos a vida em termos de sucesso e falhanço. Sucesso vs Processo Take away O processo é circular e aberto. O sucesso é linear e fechado. O processo é sempre uma aprendizagem e uma conquista. O sucesso é uma realização ou um fracasso. Um processo empodera e liberta-nos de pressões inúteis. Alcançar o sucesso limita-nos, define-nos erroneamente e é stressante. O processo traz o foco para o momento presente, para encontrar felicidade e significado nas nossas aprendizagens e progresso. Uma perspectiva de sucesso atrasa a nossa felicidade para um momento no futuro. Faz com que dependa do resultado e, às vezes, de fatores externos. O processo vale sempre a pena. O sucesso só vale a pena se o atingirmos. Então e os padrões repetitivos? Quem nunca sentiu que está constantemente a repetir os meus "falhanços"? No amor, no trabalho, na dieta... E quantos de nós tentam ver o sofrimento pelo processo em si, mas já não conseguem é ver o que é suposto aprender. Quantas vezes pensamos que já passámos o exame e eis que a vida nos surpreende com outra repetição da lição. A lógica mantém-se. Simplesmente, com demasiada frequência não estamos verdadeiramente a integrar as lições. Daqui resultam os números assustadores da OMS (Organização Mundial de Saúde): 5% dos adultos sofrem de depressão Em 2019, 4% das pessoas sofria de quadros de ansiedade. São 301 milhões de pessoas! Aproximadamente 9% das pessoas tem um transtorno de personalidade. 50% das pessoas vão desenvolver doenças mentais ao longo da sua vida Os distúrbios mal adaptativos ou transtornos de adaptação acontecem não só por força da herança hereditária mas também e com elevada frequência porque tiramos conclusões erróneas das nossas vivências e adotamos comportamentos de resposta inadequados. Estes comportamentos criam-se frequentemente na infância e tendem a ser reforçados com a vivência repetida do "trauma" ou situação stressante que os originou. Por exemplo, quando sofro uma traição extremamente dolorosa e em vez de aprender que preciso de parar de ignorar os sinais, desenvolvo uma desconfiança exagerada e generalizada nas pessoas. O que começou por ser uma traição de crianças não processada, agora traduz-se em pensamentos como "As pessoas não prestam". O gráfico abaixo procura ilustrar uma espiral de repetições. Sentimos que a situação é a mesma. Ou seja, as coordenadas X e Y são as mesmas. Porém, há uma variável que nunca se mantém: quem nós somos. O que nós aprendemos já nesta espiral é o que determina se estamos mais ou menos próximos de quebrar o ciclo e sair de vez da espiral. Chamemos-lhe coordenada Z. Se integramos a aprendizagem, estamos a "subir" na espiral. Se por outro lado alimentamos os nossos comportamentos inadequados, a tendência será atrair, co-criar e repetir as mesmas situações e padrões de resposta. Estamos então a "descer" na espiral. TuGuru Neste ponto não vamos abordar a importantíssima temática sobre se os objetivos estão ou não alinhados connosco e o que nos faz felizes. Utilizaremos outro artigo para esse efeito. Por agora, vamos analisar como é que podemos concretamente mudar a nossa perspetiva de uma assente no sucesso para uma perspetiva de processo. Pensamento Positivo e Realista É difícil mudar de perspectiva. Por isso é importante verificar se a forma como percebemos uma situação se baseia em um fato ou em uma ideia tendenciosa. Fazer uma verificação da realidade e escolher uma perspectiva diferente exige esforço e repetição. Exemplos de frases / afirmações: É normal enfrentar altos e baixos. Só não falha quem não tenta. Não posso aprender se não tiver a coragem de errar. Eu sou muito maior do que a minha história de sucessos ou fracassos. Estou aberto e curioso quanto às aprendizagens que este processo me está a dar. Eu sou capaz de lidar com qualquer desafio. Não há obstáculos, apenas desafios. Só perde quem não tenta. Definição de metas positivas e realistas Defina o seu sucesso no processo. Em vez de metas focadas no resultado, estabeleça metas focadas no processo. Por exemplo, se você pretende ler mais, estabeleça uma meta de leitura de 20 minutos por dia, em vez de uma meta de leitura de 20 páginas por dia. Mudando perspectivas Pense em uma situação em que você não atingiu o seu objetivo. Escreva sobre isso usando apenas termos positivos. O que você aprendeu? O que você descobriu sobre si mesmo durante o processo? Que progresso você fez enquanto almejava esse objetivo? Pelo que você gostaria de se dar crédito? Superando a desistência A desistência surge quando acreditamos que: não conseguiremos atingir os nossos objetivos ou não conseguiremos sustentar o progresso constante e logo não conseguiremos atingir o objetivo. A repetição é mais importante que a perfeição : é mais importante continuar fazendo do que fazer com perfeição. Só dominamos o processo quando nos desafiamos repetidamente a fazê-lo, fracasso após fracasso. Só falhamos de verdade quando desistimos sem uma forte razão. Contanto que continuemos a tentar e a fluir com o processo, estamos sempre a ganhar. Referências https://www.amazon.com/s?k=success&i=stripbooks-intl-ship&crid=37BPR3YCWITI6&sprefix=success%2Cstripbooks-intl-ship%2C268&ref=nb_sb_noss_1 Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://dictionary.cambridge.org/dictionary/english/progress Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://www.biologyonline.com/dictionary/process Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://www.researchgate.net/figure/Kuebler-Ross-Change-Curve_fig3_345819452 Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/anxiety-disorders Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/depression Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-de-personalidade/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-transtornos-de-personalidade Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/ansiedade-e-transtornos-relacionados-a-estressores/transtornos-de-adapta%C3%A7%C3%A3o Acedido a 16 de Outubro de 2024 https://hms.harvard.edu/news/half-worlds-population-will-experience-mental-health-disorder Acedido a 16 de Outubro de 2024

  • WIP Diagnóstico

    Dor menstrualnão é normal.Dor a fazer amornão é frescor. 7 anos e 7 a 8 médicos depois...Os 4 enormes obstáculos ao diagnóstico de endometriose e outras doenças nas mulheres 1 - Ser mulher é dor "H á um atraso de cerca de sete anos no diagnóstico de endometriose. A mulher passa entre sete a oito médicos até chegar ao diagnóstico” - quem o diz é o Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR) para a Região Sul em entrevista à CNN Portugal [9] . ​ Em causa está, antes de tudo uma cultura da dor na mulher . Somos criadas para aceitar passivamente que tenhamos de sofrer na menstruação e às vezes até no sexo. "A tua avó também sofria muito!", "A filha da vizinha outro dia quase desmaiou!", "Mulher sofre, minha filha..." e por aí vai. Por todo o lado crescemos formatadas para a ideia de que ser mulher é uma sentença à dor a vida inteira por todos os motivos e mais alguns.   Por isso, muitas mulheres suportam e calam as dores, acreditando que é normal. ​ ​ Dor menstrual não é normal. Dor a fazer amor não é frescor.   Se a cólica menstrual não cede a um paracetamol, algo não está bem. Se há mais que um ligeiro desarranjo intestinal, algo não está bem. Se o sexo dói, algo não está bem.   ​​ ​​​ Descriminação Qual é a mulher que nunca se sentiu descriminada, desrespeitada e silenciada baixo o preconceito de histérica,  neurótica, exagerada e, mais recentemente, como alguém que cujos sintomas são psicossomáticos? ​ Há apenas 100 atrás, Freud e o seu famoso e prodigioso discípulo Reich consagravam na psicanálise a ostracização da mulher como ser psicologicamente débil e dado a achaques nervosos. Tanto assim que se chegou ao ponto de induzir orgasmos às pacientes como tratamento. Ou choques elétricos... ​ ​Não é de estranhar que nós mulheres nos calemos. E que as que não se calem fiquem sem resposta às suas queixas ou oiçam algum comentário desagradável.     Dificuldade de diagnóstico Os tradicionais exames anuais de prevenção cingem-se a ecografias endovaginais e análises ao sangue. As análises ao sangue não acusam endometriose. E a eficácia das ecografias endovaginais vai depender muito do padrão da doença na doente e da perícia do técnico. As células endometriais podem ser um pontilhado disperso difícil de observar e, logo, de diagnosticar.   A isto acresce a enorme variedade de localizações da endometriose e possíveis sintomas. Imaginemos que o seu maior sintoma é uma dor no glúteo. A sua endometriose pode estar a afetar o nervo ciático. [9]​  Teixeira, D. C. (2022, 28 de Outubro). Hoje fala-se mais de período, ciclo menstrual e até de endometriose. Está a ciência finalmente a dar a devida atenção à saúde feminina?. CNN Portugal. Acedido em  24 de Outubro de  2024  https://cnnportugal.iol.pt/saude-menstrual/menstruacao/hoje-fala-se-mais-de-periodo-ciclo-menstrual-e-ate-de-endometriose-esta-a-ciencia-finalmente-a-dar-a-devida-atencao-a-saude-feminina/20221029/634e88930cf2ea4f0a61e0b8

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  • Causas ambientais e/ou comportamentais da Endometriose| MAMADEVI

    causas ambientais ou comportamentais Fatores ambientais ou comportamentais contribuem em 49% para o risco de endometriose [1] O que leva gémeos, pessoas com o mesmíssimo ADN, um a desenvolver uma doença e o outro não? A epigenética. A epigenética - que significa literalmente, por cima da genética [2] - estuda como o ambiente, o estilo de vida, a dieta e até as nossas experiências sociais podem causar endometriose e tantas outras doenças. Alterações na epigenoma são alterações na expressão dos genes. Mecanismos bioquímicos complexos que alteram o funcionamento das células e até traços de hereditariedade sem alterar o ADN [3] . É caso para dizer "Diz-me como é a tua vida e dir-te-ei como é a tua saúde…" Esta é uma ótima notícia. Se não podemos mudar a nossa genética, podemos encontrar conforto em saber que podemos sim influenciar metade do problema fazendo escolhas mais conscientes e informadas! O epigenoma pode ser afetado por inúmeros fatores: Exposição a toxinas, poluentes, radiação ionizante, raios ultravioleta… Quimioterapia Consumo de drogas, incluindo tabaco e álcool Dieta Interações sociais Stress Exercício físico… A pesquisa científica pode ser ainda inconclusiva ou contraditória acerca de quais fatores são específicos para a endometriose ou em que medida [1] , o que torna mais difícil corrigir comportamentos. Desde o que comer ao que vestir, encontrarás informação detalhada e sugestões específicas em vários artigos aqui no website. Para deixar uma sugestão simples: Go Green ! Em todos os sentidos: dieta maioritariamente à base de plantas, biológicos, detergentes e produtos de higiene amigos do ambiente, declara guerra ao plástico, pratica atividade física na natureza e se possível em grupo… E claro, evita a exposição direta ao Sol a partir das 11h. Voltar às causas Referências [1] Cousins, F. L., McKinnon, B. D., Mortlock, S., Fitzgerald, H. C., Zhang, C., Montgomery, G. W., & Gargett, C. E. (2023). New concepts on the etiology of endometriosis. Journal of Obstetrics and Gynaecology Research, 49(4), 1090–1105. https://doi.org/10.1111/jog.15549 [2] Super, & Kashima, C. (2019, August 21). Entenda de uma vez: o que é epigenética? Super. https://super.abril.com.br/ciencia/entenda-de-uma-vez-o-que-e-epigenetica [3] Lamceva, J., Uljanovs, R., & Strumfa, I. (2023). The main theories on the pathogenesis of endometriosis. International Journal of Molecular Sciences, 24(5), 4254. https://doi.org/10.3390/ijms24054254

  • Fisiológicas ou biológicas | MAMADEVI

    causas fisiológicas ou biológicas Teorias em investigação Há muitas teorias em investigação . O que todas têm em comum? Reiteram que a endometriose é uma doença multifatorial - são vários os fatores que estão envolvidos na doença - e que cria ciclos viciosos no nosso sistema. A. Teoria da menstruação retrógada Quando o útero não consegue expelir a menstruação devidamente, a menstruação com restos de endométrio pode subir e fixar-se na pélvis, originando a endometriose. Contudo, esta teoria por si só não basta, visto que: Há homens que têm endometriose [1] 90% das mulheres já teve ou tem menstruações retrógradas e apenas cerca de 10-15% desenvolvem endometriose [2] Não explica como a endometriose pode surgir tão longe da pélvis, como nos olhos por exemplo [3] Não explica a endometriose profunda infiltrativa [4] Continua porém a ser uma teoria muito importante e com grande probabilidade o primeiro gatilho desta doença multifatorial, que depois se desenvolverá ou não e em que medida, segundo muitos outros fatores. Em si mesma, também a disfunção das contrações uterinas (“disperitaltismo” uterino) merece uma exaustiva análise e é algo que incorporo na elaboração das práticas de EndoYoga. B. Cirurgias Uma outra possibilidade para células endometriais irem parar fora da cavidade uterina é por “contaminação” durante uma cirurgia na zona abdominal tal como a cesariana ou a histerectomia. Imagine-se que células do endométrio “caem” para fora do útero durante uma cirurgia e fixam-se aí. Tal como a teoria anterior, também aqui falta explicar o que leva a que o corpo não seja capaz de “eliminar” essas células que fora do útero são “aliens” . C. Genética Um artigo de Fevereiro de 2023 dá-nos conta de que há já 40 fatores de risco genéticos mapeados como fatores importantes no desenvolvimento de endometriose e na sua extensão. Contudo, as dinâmicas entre cada um deles necessitam de muito mais investigação. Os genes em causa são os genes de regulação hormonal, adesão e proliferação celular, particularmente nos estágios 3 e 4 da doença. Podemos afirmar que começa a surgir um perfil genético de risco para a endometriose de genes causadores de mutação, algo semelhante aos cancerígenos [2] . Mais uma vez importa salientar que a endometriose é benigna. Não obstante, alguns profissionais de saúde a apelidam de “cancro benigno” precisamente pelas mutações genéticas e por poder aparecer em áreas bem longe da sua origem. Consequentemente, os casos mais graves de endometriose podem efetivamente colocar perigos muito sérios para a saúde da mulher. A epigenética é abordada nos fatores ambientais e comportamentais. D. Teorias de metaplasia (mutação ou transformação celular) Existem várias teorias de metaplasia: Metaplasia celómica : O desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos no embrião dá-se a partir de um par de ductos de Müller, que surgem de células epiteliais celómicas de origem mesodérmica. Esta teoria pressupõe que a membrana celómica original sofre metaplasia e forma estroma e glândulas endometriais e é a teoria mais plausível para a endometriose em homens, por exemplo [5] . Metaplasia de células embriónicas dos ductos de Müller: Semelhante à anterior, mas aqui a mutação dá-se “no segundo nível”, ao nível das próprias células dos ductos de Müller [4] . Metaplasia de células peritoniais : alterações hormonais ou do sistema imunitário que possam alterar as células do abdómen (peritoniais) em células parecidas com as do endométrio [4][5] . Mutação de células-mãe do embrião: Quer do endométrio quer da medula óssea. Esta última, explica o surgimento (ainda que raro) de endometriose fora da pélvis, como nos olhos [3] . E. Teoria da metástase benigna de Sampson - Transporte de células via vasos sanguíneos e/ou linfáticos Segundo esta teoria, células endometriais podem chegar a sítios tão remotos quanto o cérebro por transporte via vasos sanguíneos e/ou linfáticos [4] . F. Desequilíbrio hormonal e Desregulação imunitária O desequilíbrio dos níveis de estrogénio acaba por conduzir também ao défice e à resistência à progesterona. A progesterona seria a hormona que ajudaria a regular o estrogénio. É um ciclo nocivo que se retroalimenta e que contribui para que 50% das mulheres com endo sofram ou venham a sofrer de ansiedade e/ou depressão [4] . Afinal estamos a falar das hormonas protagonistas do humor nas senhoras. Por sua vez, o desequilíbrio hormonal promove em si mesmo condições para a inflamação. Os ciclos menstruais alteram-se e consequentemente os mecanismos imunológicos do corpo falham por níveis desregulados das células que corrigiriam a situação. Não só a menstruação deixa de ser propriamente expelida, como também os restos que ficam deixam de ser devidamente eliminados como seriam em circunstâncias normais, o que conduz à inflamação crónica. Outros fatores promotores de tumores e angiogénicos suportam a progressão das lesões endometriais e a inibição da apoptose (as células dos restos de menstruação não expelidos não morrem como normalmente) promove a proliferação celular e o crescimento das lesões. Adicionalmente ao crescimento anormal de tecidos fomentado, há o crescimento de fibras nervosas, que podem justificar as dores que podem atingir níveis incapacitantes [4] . G. Infeções bacterianas Nesta teoria, estuda-se o papel das bactérias na causa ou progressão da doença. A inflamação crónica também pode ser explicada pelas endotoxinas de bactérias e os estudos revelam que as mulheres com endo têm a microbiota (quantidade e tipologia de bactérias) do intestino, vagina e útero desregulada. Apresentam maiores níveis de endotoxinas no fluxo menstrual e peritoneal. Nomeadamente, os estudos mostram que as mulheres com endo têm maior probabilidade de ter o sangue menstrual contaminado com a bactéria Escherichia coli. Sabemos também que determinadas bactérias irão inibir e outras irão inibir a progressão da endo [2] . Um estudo de Junho de 2023 encontrou na bacteria Fusobacterium um papel determinante na formação de endometriose nos ovários. Esta bactéria terá sido encontrada em 64% das pacientes com endometriose. Os pesquisadores infetaram ratos com Fusobacterium e implantaram células endometriais. Testaram então o uso de antibióticos e os resultados são prometedores: em grande medida constaram que a implantação da endometriose foi reduzida, bem como o número e severidade das lesões. A erradicação desta bactéria poderá ser uma das vias de tratamento da endometriose no futuro [6] . Voltar às causas Artigos sobre endometriose Abaixo podes consultar alguns artigos sobre endometriose. Para veres todos os artigos sobre a endo, clica no botão abaixo. Artigos de endo há 3 dias 10 min de leitura Mal-me-quer, Bem-me-quer? Devemos comer soja e outros fitoestrogénios? Qual o seu papel na endometriose, menopausa e cancro da mama? Descobre porque mesmo quem tem cancro de mama pode e deve comer soja e outros fitoestrogénios 24 de out. de 2024 2 min de leitura WIP Diagnóstico Dor menstrualnão é normal.Dor a fazer amornão é frescor. 7 anos e 7 a 8 médicos depois...Os 4 enormes obstáculos ao diagnóstico de... 14 de out. de 2024 11 min de leitura Sucesso vs Processo Se te apegas demasiado ao destino, corres o risco de perder a beleza da viagem e todas as possibilidades de destinos que ela te oferece. Referências [1] Endometriosis in men - Endometriosis news. (2018b, November 21). Endometriosis News. Acedido em 11 de Dezembro, 2024, from https://endometriosisnews.com/endometriosis-in-men/ [2] Cousins, F. L., McKinnon, B. D., Mortlock, S., Fitzgerald, H. C., Zhang, C., Montgomery, G. W., & Gargett, C. E. (2023). New concepts on the etiology of endometriosis. Journal of Obstetrics and Gynaecology Research, 49 (4), 1090–1105. https://doi.org/10.1111/jog.15549 [3] Eyes, menstruation and endometriosis - Facts, views & vision in ObGyn. (2023, 30 de Junho). Acedido em 11 de Dezembro, 2024, from https://fvvo.eu/archive/volume-15/number-2/reviews/eyes-menstruation-and-endometriosis/ [4] Lamceva, J., Uljanovs, R., & Strumfa, I. (2023). The main theories on the pathogenesis of endometriosis. International Journal of Molecular Sciences, 24 (5), 4254 . https://doi.org/10.3390/ijms24054254 [5] Endometriosis - Symptoms and causes. (n.d.). Mayo Clinic. Acedido em 17 de Dezembro, 2024, em https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/endometriosis/symptoms-causes/syc-20354656 [6] Muraoka, A., Suzuki, M., Hamaguchi, T., Watanabe, S., Iijima, K., Murofushi, Y., Shinjo, K., Osuka, S., Hariyama, Y., Ito, M., Ohno, K., Kiyono, T., Kyo, S., Iwase, A., Kikkawa, F., Kajiyama, H., & Kondo, Y. (2023). Fusobacterium infection facilitates the development of endometriosis through the phenotypic transition of endometrial fibroblasts. Science Translational Medicine, 15 (700). https://doi.org/10.1126/scitranslmed.add1531

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